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segunda-feira, 19 de março de 2012

O DESEMBARQUE

O DESEMBARQUE




Foi num dia desses comuns que ele desembarcou na vida.

Como pássaro arisco ao alçapão , desvencilhou-se do útero,

Fitou a todos com seus olhinhos de inauguração:



Círculo parental

Partidos,

Leques de denominações com seus caminhos rumo a felicidade,

Sistemas,

Gremiações,

Engrenagens com seus sensos-comuns tradicionalmente azeitados.

Estavam todos ávidos ,

Com suas setas milimetricamente norteadoras suspensas no ar.



Num segundo momento:



Assim como a semente rompe a terra em busca de luz ele olhou para a mulher que o amamentava.

Na escuridão do dia, uma tênue chama brilha e resiste no silêncio as expectativas especiosas









Certos momentos são singulares,

Trazem qualquer coisa de doida,

De estranhamento,

De possibilidade de quebra paradigmática.





segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

TEU CORPO


.
Teu corpo é uma grande viagem


donde paisagens se abrem


buscando serem reconhecidas


Pelos prazeres inenarráveis que oferecem






Teu corpo,íngreme despenhadeiro que meu corpo mergulha


Achando o que procura a cada lance da descida


Mais e mais sensações novas e embriagantes


O máximo que pode oferecer esta vida de galope delirante


E,no fim o esperado chão:


A explosão do corpo,o fim dos sentidos


Porém,nova emoção antecipa o choque:


Teu corpo nu e iluminado


Feito rede de infalível amor me ampara com seus seios fortes


Seus lábios de nuvens escarlates


Seu coração de ondas macias






Teu corpo, e o que vai além dele


Me abraça e caricia, me fazendo perceber outros corpos em mim que nem sabia


São vários corpos que temos e que se projetam


Amalgamados em outros patamares de plenitude






Teu corpo,tesouro descoberto, luz dourada


Desejamos estar coesos sempre


Na aventura de perder e recomeçar novas jornadas


Em entrega sem desejo de recompensa


O apenas ir sem escolher o melhor fim






Teu corpo e meu corpo já não cabe em nós


há um mundo adverso que o solicita


nossa paixão mútua transborda e nisso se excita


Indo então lançar luzes ao oceano de ondas turvas...


Alardeamos em bom tom,á guisa de salva-vidas, haver um horizonte múltiplo de inequívoca herança


Daqui, dá para sentir e ver a beleza dessa aventurança


Sempre presente desde tempos idos...


Há tantos que nunca compuseram com a voz do coração


Tateiam ainda na obscuridade dos vencidos

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

SOLITUDE





ENTRE os vãos do tempo


Habita o silêncio,só ele sabe se aproximar com seus passos


feito de nada.


Sua presença surge sorrateiramente como pura alquimia.


Um sentimento de completude se instala e varre para dentro de si


a consciência individual que temos de nós.


Ali,somos amados e não sentimos os seus mil braços.Mas,fica uma alegria de estarmos em fusão


Eternidade do momento e seu fulgor...


Com a certeza de que esse algo mágico possui extrema leveza aceitamos que se escape de nós.


Refeitos,agradecemos a vida

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

TERRÁQUEOS







vulcões Tardios expelem revolucionários


A terra torna-se outra


O Azul fere os olhos no ar imaculado das manhãs.


Como cristal puro ,as verdades ditas ressoam indeléveis nos destinos das crianças


Qualquer um pega por gosto sua maçã


Todos quintais,cercas e fronteiras jazem nos mausoléus.


O mar sorri de tantas velas proletárias


Rios fluem pelas torneiras


Enquanto nas praças, jacarandás florescem sem receio


E as mães passeiam lançado seu amor para além do pequeno círculo.






Lá vai o poeta com seu flautim


Cantando sonhos que se aninham a outros sonhos afins,


Sonhos de serem terráqueos.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

VIDA

M eu casulo está se decompondo em algum lugar


Logo,seus elétrons estarão fazendo o caminho de volta para o grande armazém universal

Minha mãe é onisciente,tem a medida de todas as coisas e nada foge ao seu olhar

Minha permanência aqui é breve.Amo as cores que a mãe me deu

Com minhas asas danço no vento e vou esvoaçando pelas estradas do ar

Sou levada pela brisa aromatizada ao meu alimento

Assim sigo de flor em flor

Serei una com a fonte,não tenho pressa


Enquanto encarno numa borboleta vou vivendo sucessivas alegria
Até o arrebatamento final.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A ÍRIS DA ONÇA


Na íris da onça tem uma fonte

de água clara e fresca de beber


quem me dera saciar-me dela

nem que depois venha morrer.




Os olhos da onça falam de um mundo

onde viver de perigo é sobreviver

quisera tê-la como amante

Para em suas garras todo dia fenecer .





O beijo da onça tem um hálito


que lembra rio bravo e jasmim

enlaçado em seus braços de amor e morte

quero sentir sua ânsia de amor em mim.




O cheiro da carne perturbando os sentidos


Eu sobre ela e ela selvagem sobre mim


Mesmo que sentindo o prenúncio da morte

quero ir nesse amor loucura até o fim.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

VERÃO/LITORAL

Mar verde, gaivotas prateadas adejam ,ascendendo em suaves círculos.
Abaixo ,velas brancas beijam espumas
No alto céu e a todo largo fiapos de nuvens indolentes viajam para o oeste
Enquanto generoso sol de meio dia, litorâneo, domingueiro, irradia calor e festa.
Na praia, vozes humanas entrecortadas dos alegres gritos infantis se misturam ao Marulhar.


Vagalhões se arremeçam
Em seu dorso pranchas deslizam,
Maios, biquínis , barracas e pipas,
pedras apinhadas de mariscos
Caleidoscópio girante
Verão e mar, força e ritmo em coesão revigorante.


Traçando limite com a branca areia escaldante, a orla pontilhada de amendoeiras de copas baixas carregadas de frutos cujo o aroma singulariza-se ao se mesclar a maresia.
Automóveis se enfileiram nas guias estreitando a pista, aumentando o congestionamento destoando-se do alegre dia.


Ali,no entanto, a atmosfera oceânica reverbera-se no âmago, acordando o espírito de aventura que prima em encurtar os intervalos entre o desejo e ação, lançando-se ao viver pleno,espontâneo.


A majestade da vida para aqueles que podem senti-la está em toda a parte,mormente ali naquele pedaço de mar.
Momentos poéticos,flertes,amor a primeira vista,prosa amiga,encanto e toda sorte de prazeres que advêm das benesses do mar .
No sombreado das barracas ,idosos lavam suas memórias
Auscultando-as pelo crivo da autocompreenção.
Estação verão,calor e vida fluindo,ondas morrendo em espumas nas brancas areias